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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Que o Santa Cruz é o time de inúmeros famosos pernambucanos, não resta dúvida. Nelson Ferreira, Chico Science, Bajado, Capiba são alguns exemplos.

Dentre vários nomes, um em especial, sempre causou polêmica. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Certa vez, numa mesa de bar, apostei com um torcedor alvirosa que Lampião era tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda. A barbie disse que eu estava doido, que a torcida do Santa tem essa mania de dizer que todo mundo torce pelo Santa Cruz, enfim, ela ficou descontrolada. Sem ter como provar, tentei ganhar no bocão, mas não deu certo. O alvirosa não engoliu a conversa e a aposta não aconteceu.

Conversando sobre isto com Julio Vila Nova, tive a grata surpresa de saber a existência de Gerinaldo Tavares, professor de história e morador da Cidade Tabajara. Gerinaldo Tavares é natural de Triunfo e tricolor. Apesar de ir pouco aos jogos, sabe tudo sobre o mais querido, principalmente, no que se refere a fatos antigos. Nos anos 60 ele morou em Campo Grande e sempre esteve perto do Tricolor do Arruda. No último sábado fomos visitá-lo e tratei de apresentá-lo ao Blog do Santinha.

O professor Gerinaldo está perto de publicar o livro “Lampião – histórias não contadas”. Esse livro traz informações que dificilmente são encontradas na bibliografia sobre Virgulino, mostrando que apesar de sua vida no cangaço pelo interior de Pernambuco e arredores, Lampião mantinha contato com coisas da capital. “É um material antigo. Depois que me aposentei decidi concluir a pesquisa”, afirmou o professor.

Para quem assistiu ao filme “Baile Perfumado” deu para notar que o Rei do Cangaço era uma pessoa antenada com as coisas urbanas. Perfume francês, bebidas, fotografias eram consumidos pelo cangaceiro. Alguns até dizem que Virgulino vez por outra vinha ao Recife, tomar os ares da Veneza Brasileira. “Um dos objetivos dessa minha pesquisa, e desse livro, é humanizar Lampião”, disse o professor Gerinaldo.

Depois de alguma conversa fui ao que me interessava. Perguntei ao pesquisador tricolor se era verdade que Virgulino Ferreira era torcedor do Santa. Professor Gerinaldo confirmou que sim. Fiquei impressionado com o material coletado pelo pesquisador e com o trabalho executado. “São mais de dez anos pesquisando e estudando a vida de Lampião. Aliás, muito mais do que isto, desde os meus vinte anos de idade tenho lido sobre ele”. Professor Gerinaldo mostrou várias evidências que comprovam a paixão de Lampião pelo futebol.

Em umas de suas viagens, ele entrevistou uma senhora contemporânea dos tempos do cangaço e moradora da cidade Canindé do São Francisco. Ela foi categórica quando revelou que um dos costumes do grupo de Lampião era degolar o inimigo e chutar a cabeça do sujeito como se fosse uma bola de futebol. Aproveitei e perguntei a Gerinaldo Tavares se ele tinha conhecimento que Lampião jogava de zagueiro. Ele deu uma discreta risada e balançou a cabeça fazendo o sinal negativo e disse: “isso não tem fundamento”.

Entretanto o que evidencia e mostra que Lampião era torcedor do Santa Cruz, são duas entrevistas, uma por sinal gravada em fita cassete.

Na cidade de Venturosa, um bisneto de Colchete, famoso cangaceiro do grupo de Virgulino, afirmou que Maria Bonita carregava consigo um lenço nas cores preta, branca e vermelha. Zé de Veto, o bisneto do cangaceiro Colchete, contou que o lenço foi um presente dado por Lampião. E que Maria Bonita sempre usava quando o grupo estava nas festanças, dançando forró e xaxado.

A outra entrevista, essa gravada em fita cassete, foi concedida por Manuelino Ferreira, sobrinho-neto do próprio Virgulino. O qual morava na área rural do município de Cacimbinhas, no sertão de Alagoas. Ele conta histórias do tio Virgulino, por ele assim chamado na fita. Manuelino Ferreira diz que o tio soube da existência do Santa Cruz numa de suas idas ao Recife. “Tio Virgulino gostava de futebol e numa viagem ao Recife quis ver um jogo. Não deu para ele ir, porém, ele ficou sabendo da existência do Santa Cruz e que era o time do povão, da poeira”.

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